Para tentar coibir obesidade infantil, Senado aprova projeto de lei que veta alimentos gordurosos nas escolas
Jamie Oliver
Não é preciso ser nutricionista, médico nem qualquer outro tipo de
especialista para perceber que há no Brasil uma epidemia de obesidade infantil.
Basta andar na rua e observar a quantidade de crianças gordinhas. O incrível
documentário "Muito Além do Peso" ajudou a jogar na nossa cara essa que é uma
verdade pra lá de inconveniente.
E é claro que esse não é um problema só do pai e da mãe da criança que
sofre com o sobrepeso. É responsabilidade também da escola, do governo e da
sociedade como um todo.
Diante de tudo isso, o governo brasileiro finalmente resolveu se mexer. Na
semana passada o Senado aprovou um projeto de lei que proíbe a venda de
alimentos gordurosos e nada saudáveis em cantinas escolares de todo o
país.
A decisão ainda precisa ser aprovada pela Câmara e sancionada pela
presidente. Mas, claro, já é um primeiro passo. Especialmente porque é uma lei
que, se entrar em vigor, leva em conta punições
sérias.
Sob pena de receberem multa ou não terem o alvará renovado, os
estabelecimentos estão proibidos de comercializar nas cantinas ou de colocar nas
merendas: bebidas de baixo teor nutricional e alimentos com quantidades elevadas
de açúcar, gorduras saturadas, gorduras trans ou sódio.
Tenho fé que essa lei vai sair do papel e entrar em vigor. Acho que pode
ser o empurrão necessário para que as escolas passem a se preocupar mais com que
os alunos comem. Caso contrário, se essa for uma batalha apenas dos pais, eles
certamente vão sair derrotados.
Um bom exemplo disso é um caso citado no "Muito Além do Peso", em que a mãe
dizia que seguia orientações médicas e procurava enviar uma lancheira saudável
pro filho dela. No entanto, chegando na escola, o menino trocava o lanche com os
colegas - e sempre conseguia salgadinhos. A mãe - coberta de razão - reclamava
que apesar de ter avisado as professoras dos problemas que o filho tinha
(decorrentes do sobrepeso), ninguém fazia nada. Ou seja, a escola fechava os
olhos.
Fora esse caso, outro exemplo me veio à mente quando fiquei sabendo da
aprovação do Senado. Lembrei que não é apenas no Brasil que o governo precisa de
um empurrão para se responsabilizar pela boa alimentação das crianças.
Na Inglaterra, o chef-estrela Jamie Oliver fez um verdadeiro auê com
seus programas, mostrando a qualidade baixíssima da merenda que era servida em
muitas escolas do país. Mais do que isso, mostrou como as crianças estavam
tomando aquela refeição como referência e com isso criando um péssimo hábito
alimentar, sem qualquer noção de como comer de uma maneira saudável.
Em uma cena clássica, ele perguntava às crianças os que elas preferiam: um
prato com frango grelhado ou nuggets. Absolutamente todas elas respondiam
nuggets, claro. E então, ele mostrou como os nuggets eram feitos, com peles,
cartilagens e outras sobras da galinha moídas e misturadas. Tudo isso frito com
muita gordura!
Com essa "terapia de choque", ele arrancou muitos "aaaarghhh, que nojo!" da
molecadinha. No dia seguinte, todas estavam comento, felizes da vida, o prato
com frango e legumes. Além do mais, com a popularidade de seus programas, ele
conseguiu pressionar o governo para que destinasse mais verbas para melhorar as
merendas escolares.
Como é com o seu filho? O que ele leva na lancheira ou compra na
cantina para comer na escola?
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